O casarão de José Rufino e outras histórias no interior da Paraíba

O Casarão de José Rufino. e outros locais de grande valor histórico e cultural, cada um com sua particularidade, compõem o cenário de Areia, a 135 km de João Pessoa. Uma cidade pequena e acolhedora, com um centro histórico cheio de cores. Onde há muito pra se ver.

Praça José Américo de Almeida

Esta é a terra do pintor Pedro Américo. Já visitamos o museu que fica na casa onde ele nasceu e você pode conferir o artigo sobre ela no link abaixo:

  • Casa – Museu do Pintor Pedro Américo

Um outro cidadão de Areia é José Américo de Almeida, que até onde a gente sabe, não tinha parentesco nenhum com o Pedro. Entre muitas outras coisas, ele foi escritor e a sua obra mais importante é o romance “A Bagaceira”, de 1928, marco do romance regionalista moderno no Brasil.

Na cidade há uma praça com o seu nome. É lá que estão localizados alguns pontos muito importantes da história de Areia.

A igreja mais antiga da cidade é a do Rosário dos Homens Pretos. Embora não se saiba a data precisa, sabe-se que ela começou a ser construída ainda no século XVIII. Não foi finalizada na mesma época. Só em 1886 a Igreja ficou pronta.

Ao redor da praça também podemos ver um edifício monumental, realmente impressionante: o Colégio Ministro José Américo de Almeida.

Este local já foi sede da cadeia pública até ser transformado em escola. Nos anos 1960, ganhou o nome do escritor e passou a funcionar como escola de ensino fundamental e médio.

Não há visita guiada à Igreja, ela é aberta nos horários das missas e em datas comemorativas do catolicismo. O Colégio ainda funciona como escola municipal, com atividades regulares ao longo do ano letivo.

O Casarão de José Rufino: museu e centro cultural que já foi uma senzala urbana

Já tínhamos ouvido falar e fomos conferir um lugar que nos despertou a curiosidade. Um casarão enorme, construído cerca de 30 anos antes da fundação da cidade: O solar, ou casarão mesmo, de José Rufino.

Erguido nessa região que era conhecida anteriormente como “brejos de Areia”, em 1818, sob as ordens do português Francisco Jorge Torres, abrigava uma das poucas senzalas urbanas da região.

Sua conservação está um tanto prejudicada pela falta de manutenção – ainda por cima, há um problema contra o qual seria muito complicado lidar: uma padaria funciona ao lado e joga a fumaça de sua chaminé bem numa das paredes dos fundos do casarão.

No térreo, em doze pequenos cubículos, os escravos eram amontoados pra serem negociados nas feiras da região, os que permaneciam, enquanto não eram vendidos, juntamente com aqueles que iam chegando, trabalhavam nas lavouras do proprietário.

Os negros desciam por um caminho por trás das senzalas, passavam por uma gruta que, segundo o nosso guia, já ruiu por causa da erosão. Lá embaixo, no vale, trabalhavam nas terras de Francisco Torres.

A estrutura já apssou por algumas alterações fundamentais: Quando foi adquirido pelo Tribunal de Justiça da Paraíba, na década de 1990, o tronco onde os escravos sofriam castigos físicos, que estava abaixo de um lampião de ferro, foi retirado e o interior de alguns aposentos da parte de cima foi recondicionado com instalações elétricas e hidráulicas.

No dia em que estivemos lá, havia aulas de desenho e pintura nesses quartos.

Existem alguns móveis ainda preservados dos séculos passados. Hoje pode parecer uma mobília muito simplória, mas há cento e tantos, 200 anos passados, só as pessoas mais ricas é que poderiam ter esse tipo de móveis em casa.

Mas, se o dono chamava-se Francisco Torres, por quê o nome Casarão de José Rufino?

Isso se deve ao fato do imóvel ter sido comprado, no começo do século XX, por uma família dede sobrenome Rufino, formada por proprietários de terras na região.

Porém, por causa do acúmulo de dívidas, vai  a leilão e foi arrematado por José Rufino de Almeida, voltando a ser propriedade da família.

O novo dono conseguiu recuperar não só a estrutura física do casarão, como também fez com que ele funcionasse como lugar de atividades artísticas e culturais do Brejo Paraibano.

Porém, em 1979, ele morreu e o espaço entrou novamente em um processo de decadência, até ser adquirido pelo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba.

Então foi por isso: o grande e imponente imóvel no centro da cidade é chamado assim em homenagem a seu “benfeitor“.

O local fica aberto durante o dia, exceto domingos e feriados. A melhor hora para visitá-lo é de tarde, até as 16 horas, quando a luz já está um pouco mais baixa (melhor para fotografias) e o clima um pouco mais fresco mesmo durante o verão.

Na época do Circuito do Frio, ele oferece programação especial, consulte a página do Facebook do evento* para maiores informações.

* Não nos responsabilizamos por mudanças nas datas, na ordem da programação dos eventos nem qualquer outra alteração. Fomos como visitantes, não temos ligação nenhuma com os órgãos realizadores do festival.

O Colégio Santa Rita e um marco cheio de mistério

Perto dali está o Colégio Santa Rita, fundado em 1911, pelo Cônego Odilon Benvindo De Almeida e Albuquerque, vigário de Areia.

Um fato bastante curioso é que dentro de um dos pátios do Colégio está um bloco que marca o ponto mais alto da cidade, a 618 metros de altitude.

Esse marco foi construído nos anos 1940 pelo exército. Acredita-se que no interior do bloco haja documentos secretos guardados pelas forças armadas, mas ninguém pôde comprovar ainda a existência desse material.

Muito possivelmente, a história dos documentos pode ser mais uma lenda urbana, hoje existe a possibilidade de checagem com instrumentos eletrônicos, certamente, algo já teria sido descoberto, enfim… Mistérios sempre dão um tempero especial aos lugares.

Se tiver interesse, você pode conhecer as instalações  do Santa Rita, é só bater na porta e pedir entrada a alguma freira durante o dia, até as 17 horas.

A histórica cidade de Areia tem esses e outros atrativos pra quem curte cultura, artes e muito mais.

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