Serra Talhada – conheça a “Capital do Xaxado”

Serra Talhada: a segunda maior cidade do sertão de Pernambuco, com uma estrutura urbana bem razoável: pólo de serviços, comércio e de centros de ensino superior.

A cidade tem muita história e sim, bons lugares para se fazer um roteiro de visita de um dia.

Nós ficamos sediados em Triunfo, a 35 km de Serra Talhada. Embora muito menor, o “Oásis do Sertão”, como Triunfo é apelidada, é mais aconchegante, com um clima ameno, mesmo no verão.

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Numa manhã de sexta-feira, logo depois do café da manhã, partimos para o nosso passeio na “Capital do Xaxado”.

A rodovia PE-365, assim como a grande maioria das estradas estaduais por essas regiões, não é nenhuma maravilha, no entanto, a descida da serra desde Triunfo não tem curvas tão fechadas ou trechos perigosos. Pode ir tranqüilo.

Museu do Cangaço de Serra Talhada

Nossa primeira parada na cidade foi o Museu do Cangaço, localizado na antiga estação ferroviária, numa zona periférica da cidade. Nas proximidades do prédio há lugar para estacionar.

Pagamos uma taxa de 3 reais (preço de 2018) para ter acesso ao museu. Na sala de entrada existem peças de artesanato e os mais diversos souvenires à venda por preços variados.

O horário de funcionamento é de 8:30 às 17 horas, fechando para almoço das 12 às 14 horas. Aos sábados é aberto apenas até 12 horas e nos domingos é fechado.

O espaço na sala principal não é muito grande, porém, está bem servido de informações, de peças interessantes para quem gosta das histórias desse movimento que até hoje levanta acaloradas discussões dentro e fora dos círculos de pesquisadores.

Sem discussões, vamos entrando para continuar a nossa visita.

Já tínhamos visto relíquias semelhantes em outros espaços como esse, principalmente em Triunfo, na visita em 2016.

Assim como em outros museus do gênero, vimos muitas reproduções de fotografias, mapas e publicações, tanto de jornais como revistas dos anos 1920 e 30 que tratavam de fatos relacionados ao cangaço, além de itens peculiares do sertão, como rádios, cuias e potes, panelas, etc.

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Pudemos ver armas de diferentes tipos: revólveres, pistolas, rifles e também muitas balas. Isso tudo dá uma pequena idéia do volume de armamento que os cangaceiros, assim como divisões de polícia, poderiam carregar pelas caatingas afora.

Se por um lado há muitas semelhanças com outros espaços que visitamos, aqui nesse museu vimos relíquias bastante significativas e outras únicas, como por exemplo, peças de roupas do Sinhô Pereira, que era líder de um bando de cangaceiros do qual fazia parte um certo Virgulino Ferreira da Silva, que entrou para a história como Lampião.

Estamos na terra onde nasceu esse célebre e controverso personagem. Não por acaso, aqui pudemos encontrar peças como restos de utensílios de uso pessoal e até uma fechadura encontrada nas ruínas da casa da família Ferreira.

Aliás, é por causa dos cangaceiros que a cidade tem o apelido de Capital do Xaxado, que é uma dança típica sertaneja.

Não há consenso com relação à sua origem: alguns pesquisadores defendem que é indígena, há quem argumente que ela teria vindo de Portugal.

Mas a dança foi popularizada pelos de cangaceiros, principalmente o bando de Lampião.

Um dos cangaceiros, o Volta-Seca, muito tempo depois do fim dos bandos, chegou a gravar um disco com versões de músicas da época de Virgulino… mas essa é uma outra história.

Na área externa desse espaço cultural existe um auditório, nada assim tão grande, mas pudemos ver um palco e algumas outras estruturas onde acontecem, segundo os meninos do museu (sim, os nossos guias durante a visita eram bastante jovens) apresentações de música e dança, palestras e demais eventos em algumas épocas do ano.

O Marco Zero de Serra Talhada

Depois da visita ao Museu do Cangaço de Serra Talhada, fomos até uma localidade que nos chamou atenção enquanto a gente pesquisava sobre outros locais para onde ir nessa cidade.

Tomamos o rumo do centro, a cerca de 1,5 quilômetros de onde estávamos.

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Passamos pela Praça Doutor Sérgio Magalhães, onde fica a igreja matriz e chegamos em outra praça, com outra igreja, a de Nossa Senhora do Rosário.

Pequena e charmosa, a igreja foi construída entre 1789 e 1790 por escravos. Inicialmente foi consagrada a Nossa Sra. Da Penha, sendo mudada para a devoção ao Rosário em 1853.

Há uma lenda urbana que diz que enquanto trabalhavam cavando as fundações e levantando as paredes do templo, os escravos aproveitavam qualquer distração dos capatazes para escavar um túnel e fugir.

A história não é confirmada e fica apenas, por enquanto, no terreno da especulação mesmo.

A pequena, porém elegante igreja, estava fechada e havia uma plataforma bem em frente à porta de entrada. Não soubemos se era alguma celebração ou evento que aconteceu ou estava para acontecer no local.

Perto dali fica a Concha Acústica. Um espaço bem amplo, com palco e estruturas para acomodação do público. Não fomos lá para algum evento específico, também não ficamos sabendo se havia qualquer programação, mas ele tem um significado histórico para a região do Vale do Pajeu.

Nessas imediações ficava a sede da fazenda que o português Agostinho de Magalhães mandou construir, na segunda metade do século XVIII. Esse local, por estar na rota de vaqueiros e pequenos comerciantes que iam para os estados do Ceará, Paraíba e Bahia, acabou virando um povoado que depois deu origem à cidade.

Tudo estava bem tranqüilo naquele final de manhã de sexta-feira. Algumas casas modernas e outras de aspecto tradicional nos arredores, mas nada que pudesse dar uma idéia mais evidente do marco histórico.

A Casa de Cultura

Após a passagem pelo Marco Zero, almoçamos num self-service simples nas proximidades e, pelas 14 horas, fomos até a Casa de Cultura (ou Fundação Cultural de Serra Talhada), que fica num casarão que foi sede do cartório.

O hall de entrada é bastante decorado com esculturas, murais e até um mosaico, tudo inspirado no cangaço. Não há cobrança de ingresso. Também aqui há uma lojinha com lembranças e demais souvenires.

As salas cheias de peças pareciam um grande “almanaque” com referências à história, arte e cultura do sertão do pajeú. Fotos, livros e periódicos antigos, um prontuário dos anos 1940 escrito por um médico influente na cidade… Curiosidades e recordações de tempos passados.

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